segunda-feira, 31 de julho de 2017

RIOJA- BODEGAS BERONIA


 RIOJANO COM ESTILO PRÓPRIO  

 EGG on the road 

Fundada na década do 70 por quatro amigos wine-lovers e amantes da boa gastronomia, hoje já faz parte do Grupo González Byass, um gigante com domínios em toda Espanha (Tio Pepe produtora de vinhos de Jeréz entre outros), e se espalhando pelo mundo, com bodegas controladas também no Chile.

Aqui, com 25 hectares de vinhedos próprios e 950 controlados, Bodegas Beronia tenta respeitar a sua filosofia, mantendo e mostrando o que o terroir tem a dizer na pacata Ollauri, na Rioja Alta, mas com estilo próprio.


Muito bem acolhidos pelo departamento de relações publicas e de enoturismo da bodega, sob o comando de Leticia Sanz Herrera, percorremos as instalações, conhecemos os vinhedos (a manhã ventosa e fria complicou um pouco), tomamos real dimensão da vinícola em suas áreas internas, passando por todas os setores aonde o mosto se desenvolve para virar vinho até as linhas de engarrafamento e de rotulação de cada um deles.




Apreciamos também , as famosas barricas mistas, de corpo americano e fundos franceses, entregando a os vinhos que passam por carvalho o diferenciado "estilo Beronia". Riojano mas com uma complexidade diferente.


O Enoturismo esta bem desenvolvido aqui, da clássica visita com degustação de trés vinhos até cursos de cata mais profissionais, ou visitas premium que podem incluir produtos típicos da região...o leque é amplo; Para mais detalhes, é bom checar o site deles neste link: http://www.beronia.com/es/enoturismo/




Nós catamos a línea clássica da bodega, a mais comercial e pela que a bodega virou famosa.
Existe também uma línea de coleção e outra premium, de vinhos de parcelas especiais, de vinhas velhas, de mono varietais como o Mazuelo ou o Graciano. mas nós não as catamos para darmos uma opinião.




O primeiro naturalmente foi o branco, o Beronia Viura 2016
Não pretende ser mais do que ele é, um branco jovem, alegre, fácil de beber.
Sem passo por barricas, ele só passa dois messes engarrafado antes de sair ao mercado.
Primeira nariz herbácea, algo floral, fruta verde, abacaxi.
Boca: se o sente jovem, fresco, bem frutado; vinho para ser bebido só nos primeiros anos. 
Vinho sem mistérios nem complexidades, a primeira taça igual a segunda; um bom viura a um preço acessível, na faixa dos 6/7 Euros.



O Rosé de tempranillo 2016 segue os padrões do branco, não passa por barricas e dois messes na cava antes de sair a venda.
Nariz sugestiva, frutada com marcado morango.
Em boca entra suave...é simpático, fresco, um bom exponente do gênero fácil de beber com persistência media, na faixa dos 6/7 Euros também.




Rioja pela tipicidade do seu solo e clima destaca claramente mais em tintos, e em Bodegas Beronia não é diferente: o 95% da sua produção são tintos.
O primeiro a ser analisado foi o Beronia Crianza 2014, o carro chefe da casa.
A ideia da casa, da mão do seu enólogo Matias Calleja é aquela de conseguir um estilo próprio para os vinhos, o "estilo Beronia" mencionado, com a base dum bom crianza riojano mas um pouco mais fresco, mais guloso, mais atual aos palatos jovens. 
Ese aqui passou  12 messes em depósitos, mais 12 em barricas mistas e 3 de crianza em garrafa antes de sair a venda.


2014 foi um ano considerado só bom pelo órgão regulador, por algumas dificuldades climatológicas justo no momento de colher o fruto.
Essas dificuldades não aparecem no produto final: um crianza 88% tempranillo, 10% garnacha e 2%Mazuelo bem guloso, com nariz frutada e floral e uma boca suculenta mas equilibrada com persistência media.


O Beronia Reserva 2012 surpreendeu muito gratamente.


Vinho de excelente relação qualidade preço, na faixa dos 10 Euros lá.
Um tempranillo com todas as letras, com pequenos aportes de Mazuelo e Graciano.
Uma nariz expressiva, intensa, complexa. algo licorosa inicialmente, mas que com a devida oxigenação abriu passo a notas especiadas marcantes, canela principalmente e presencia marcante de frutos pretos.
Em boca entra caudaloso, doce, taninos amáveis.
Bem estruturado e equilibrado...vinho redondo, com final persistente pedindo mais...show!
Grande poder de evolução ainda, considerando que ele foi engarrafado fim de 2014 trás 20 messes de barricas mistas e outros 18 na bodega antes de sair a venda.
Um grande vinho a um preço acessível...comprei!





Beronia Grande Reserva 2009

Vinho difícil de ser apreciado assim que aberto.
Uvas selecionados das vinhas mais velhas, aquelas que dão menos quantidade porém mais concentração e expressão na fruta, e ainda por cima passando por uma seleção de racimos e uvas.
Passa 28 messes em barricas mistas e mais outros envelhecendo em garrafa dentro da vinícola antes de sair ao mercado, nos finais do 2014.
Aos poucos, foi soltando e mostrando parte do seu potencial, vinho que deveria ser consumido a garrafa inteira, para ir apreciando a sua evolução uma vez aberto, pois cada taça seguinte sera diferente.
Nas minhas primeiras sensações, este tempranillo com um leve aporte de Graciano (2%) impacta pela sua cor: um bordô intenso.
A nariz é complexa e bem intensa, soltando aromas de frutos secos, algo de chocolate e nítidos frutos pretos.
Em boca entra power, carvalho bem integrado e nada invasivo, entregando um vinho com corpo e personalidade; Fruta bem integrada, senti guinda e moras brincando no meu palato.
Fiquei com a vontade de comprar, mas o meu limite de garrafas a serem transportadas estava extrapolado.
Tinha bebido e analisado o Gran Reserva 2007 junto com o Reserva 2010 nesta matéria: https://enogastrogringo.blogspot.com.br/2015/10/riojanos-vol-i-lan-beronia.html

 Os dois continuam igual de bons.




Uma boa degustação, para entender este sucesso da bodega num período tão curto de tempo comparando com as bodegas lendárias da região.

Fica a dica então, para que quer ter uma visão diferente dum Riojano.
Gracias Beronia!

Bodegas Beronia
Carretera de Ollauri a Nájera, km 1,8
Ollauri - Rioja Alta

quinta-feira, 27 de julho de 2017

RIOJA - BODEGA LA RIOJA ALTA S.A


 UM MITO EM CONSTANTE EVOLUÇÃO 

EGG on the road


Uma das bodegas mais admiradas do mundo, um ícone na Espanha e decididamente das más emblemáticas da Rioja. com mais de 125 anos de existência como indica o cartaz acima.
Uma das precursoras em Rioja, daquelas que circundam a lendária estação, pois nos finais do seculo XIX o transporte do vinho era feito pelas vias férreas, transportado inicialmente a granel e se engarrafando em destino.


O ponto de inflexão na vinicultura em Rioja se vincula com a grande praga da filoxera na França nos finais do século XIX, pois bodegueiros e enólogos franceses se trasladaram a terras Riojanas procurando solos férteis e livres da praga para selecionar os vinhos, e ao mesmo tempo espalhando o conhecimento e criando as condições para o nascimento de novas bodegas na região, La Rioja Alta entre elas.


O Grupo Rioja Alta possui 4 vinícolas, das outras trés só uma faz brancos: Lagar de Cervera (Galicia -Rias Baixas), Torre de Oña é a outra riojana na "milha de ouro" da Rioja Alavesa (adquirida em 1995), e a Áster na Ribera del Duero, a qual também visitamos nesta viagem e cujas gratas sensações estão expostas na matéria publicada o mês passado: 
https://enogastrogringo.blogspot.com.br/2017/06/ribera-del-duero-bodega-aster.html


A bodega Rioja Alta, motivo da matéria de hoje, impressiona pelo tamanho, pela magnitude do desenvolvimento em 127 anos de história e pela procura da excelência, o que determina que todas as uvas utilizadas em seus vinhos sejam de produção própria, dos 400 hectares da vinícola, permitindo o controle total de todas as etapas duma safra.
Também fazem suas próprias barricas, comprando o carvalho nos EUA e "curando" ele na intempérie dois anos antes de confecciona-las; As instalações incluem também oficinas para o reparo delas.

 




Eu teve um amor a primeira vista com a vinícola, ao primeiro gole diria: Ha alguns anos sem conhecer todo o que a vinícola produzia catei o 890, o vinho ícone da bodega, fiquei extasiado e dai não houve mais volta atrás.


La Rioja Alta então não podia ficar de fora em nosso passo pelas famosas e prestigiosas vinícolas da região, e em virtude da generosa receptividade da bodega, via o departamento de relações publicas comandado por Marta Enciso, pudemos conhece-la em detalhe e em toda a sua extensão, entender também a historia detrás dela, a paixão que os envolve e a ampla oferta eno turística que apresentam aos visitantes.

 




A oferta eno turística para os enófilos é bem diversificada:começa nos 15 Euros com visita e degustação de trés vinhos, visitas Premium que podem incluir almoços privados, degustar ou catar por taça no moderníssimo wine bar o vinho da sua preferencia de quaisquer das vinícolas do grupo, cursos de cata, etc...para uma informação precisa e atualizada é bom checar no site deles: 
 http://www.riojaalta.com/enoturismo



Nós muito gentilmente atendidos desfrutamos duma visita privada, percorremos a bodega, entramos na cava onde os grandes tesouros se encontram, entendemos como as barricas são feitas, enxergamos as oficinas para o reparo delas, o passeio pela bodega é bem didático para que quer aprender e se interiorizar sobre cada um dos passos na produção dos vinhos.




Após a visita, naturalmente catamos os principais vinhos da vinícola, fora o genial 890 pois já o conhecíamos daquele primeiro amor mencionado.



O dia ensolarado e agradável permitiu aproveitar as excelentes instalações externas do wine-bar, este charmoso terraço onde se relaxar taça em mão, ou taças como no meu caso.



Fiquei surpreendido pelo nível dos vinhos, principalmente dos que seriam a "linha de entrada" da bodega...aqui não tem vinho meia boca, todos oferecem uma experiencia sensorial e gustativa que sugiro plenamente.
Começei pelo Viña Alberdi 2012
100% Tempranillo e que passa 2 anos em barricas de carvalho americano (o primeiro ano em barricas novas) e mais um ano em garrafa antes de sair ao mercado.
Este é o único mono varietal da vinícola, e tem tudo para agradar a todos os perfis.
Brincalhão, jovem, fresco, nariz intensa e cheia de frutos vermelhos em compota.
Em boca mesmo brincalhão mostra equilíbrio. Entra suave e com final persistente.
Na faixa dos 10/12 Euros...a Zahil no Brasil o coloca no seu site na "promoção" a quase 200 Reais.
Um vinho que custa menos do que vale.





Viña Arana Reserva 2009


Um dos meus primeiros gemidos no meio-dia riojano. Não da para acreditar que um vinho deste naipe custe lá uns 15 Euros. 
Vinho com 36 messes em barrica e dois anos engarrafas, antes de sair a venda. 95% Tempranillo e um toque de Mazuelo.
Nariz sedutora, especiada, intensa.
Em boca entrega tudo o que presumia e mais. Aveludadinho, equilibrado, elegante sem ser careta, intenso; final persistente e convidativo.
Fiquei bem a vontade na bodega pois desfrutei de todo o tempo que quis para avalia-lo, e isso faz uma diferencia grande na apreciação, pois o vinho evolui em garrafa mas também na taça enquanto se oxigena; Bebi só uma taça, mas aos poucos, o apreciando bem melhor.

Este e todos os vinhos da bodega tem grande poder de evolução, quem puder comprar e esperar, ou comprar varias e ir vendo a evolução em garrafa vai me agradecer. Eu trouxe duas que serão abertas oportunamente em 2018 e 19 para comparar com as sensações desta cata.







Viña Ardanza Reserva 2008 
80%Tempranillo e 20% garnacha.
O tempranillo passa 3 anos em carvalho americano, enquanto a garnacha 2 anos e meio, aos que debe se somar os dois anos envelhecendo em bodega antes de sair ao mercado.
A garnacha aporta esse frescor, essa fruta mas viva e não tão em geleia.
Vinho bem frutado, mas potente, mas sem perder o equilíbrio tão bem logrado em cada um dos vinhos da vinícola.
Bom corpo, entra potente em boca e final persistente pedindo mais...outro golaço.
Os proibitivos 455 Reais pedidos aqui pela importadora o viram num vinho de luxo, exclusivo, mas não deveria.





Gran Reserva 904 safra 2007  - O gemido final

90% Tempranillo e 10% Graciano para um vinho de sonho.
1904 foi o ano da fusão de duas vinícolas: La Rioja Alta e Bodega Ardanza, de Alfredo Ardanza, que também era um dos fundadores de Rioja Alta; O número no vinho representa aquela união, só tirou o 1 na frente (ao igual que o ícone 890) para não confundir aos compradores entre safra e nome do vinho.
O 904 é um vinho delicado, fino sutil, elegante, equilibrado mas complexo... aqueles riojanos que pela densidade na cor e pelos aromas que solta na primeira e segunda nariz dão a entender logo de cara que é um vinho para desfrutar aos poucos e ao meu ver sem comida, sem harmonizar nada. 
A safra 2007, cujo coupage foi engarrafado em 2012, daí outros 4 anos em garrafa antes de sair ao mercado o ano passado.
Vinho com alto potencial de guarda, mas já oferece tudo o que promete agora. pois em definitiva esse é o espirito da bodega, de colocar no mercado um produto que mesmo com poder de evolução e guarda, esta pronto para expressar as suas raízes.
A evolução inicial do vinho se produz na vinícola, no envelhecimento em barricas e garrafa, de 8 anos no total neste caso.
Todos os quesitos dum grande vinho estão aqui: aveludado, taninos amáveis,estrutura e corpo,carvalho integrado, super equilibrado.
Vinho Gigante, na faixa dos 40/50 Euros lá.


Fomos embora desta Bodega mítica extasiados, e sugiro a quem include Rioja como destino de suas ferias visita~la  pela qualidade do seus vinhos e por ser uma bodega mítica que continua se desenvolvendo, que não ficou atrás no tempo, sabendo envelhecer.

Gracias Rioja Alta!

Bodega La Rioja Alta S.A.
Av. de Vizcaya 8 - HARO
RIOJA